Com frequência, me perguntam sobre as principais causas para o autismo e até mesmo a origem do autismo.
Muitas vezes essas perguntas encobrem certa culpa da família que busca por respostas mais concretas e até mesmo quais foram os fatores que os pais influenciaram, durante a concepção e gestação, para provocar o autismo na criança.
Antes de tudo, é importante pontuar que o autismo é um transtorno complexo do desenvolvimento que impacta a comunicação, interação social e comportamento. Ao investigar as causas do autismo, os cientistas e profissionais de saúde têm se deparado com um desafio intrigante, uma vez que se trata de um assunto que possui muitas variáveis e ainda não compreendido completamente.
Dito isto, temos algumas origens estudadas e indicadas pela ciência.
Vale destacar que a presença de um ou mais desses elementos não assegura o desenvolvimento do autismo na criança, mas pode elevar a probabilidade de ocorrência.
Fatores Genéticos
Os estudos indicam que o autismo é influenciado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Aliás, uma das principais áreas de pesquisa concentra-se nos fatores genéticos. Esses estudos indicam que a predisposição genética pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento do autismo, pois algumas famílias apresentam uma maior incidência de casos de autismo, sugerindo uma possível hereditariedade. Ainda, pesquisadores têm identificado genes específicos que podem estar associados ao autismo, mas a complexidade genética do transtorno ainda está sendo desvendada.
A herança genética revela elementos que acompanham o indivíduo desde o nascimento. Em outras palavras, trata-se de características que são transmitidas de uma geração para outra. Essas características são codificadas em nosso DNA, apresentando-se como sequências de códigos que podem ser transferidos integral ou parcialmente. A fusão dos códigos provenientes da mãe com aqueles do pai pode originar resultados diversos, quando combinados.
Em 2014, um estudo publicado na JAMA analisou cerca de 2 milhões de crianças, incluindo gêmeos, irmãos e primos, concluindo que o risco individual de Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumenta com a proximidade genética, com uma herdabilidade de cerca de 50%. Embora tenha confirmado a influência genética, destacou que outros fatores também desempenham um papel, visto que gêmeos idênticos podiam apresentar resultados distintos.
Em 2019, um novo estudo da JAMA envolvendo cinco países concluiu que a herdabilidade do TEA está estimada em aproximadamente 80%, destacando ainda mais a influência genética. Este estudo abrangeu mais de 2 milhões de pessoas, incluindo cerca de 22 mil diagnosticadas com TEA.
Inclusive, é por conta da formação genética que o autismo se manifesta de maneiras tão diversas entre as pessoas, pois cada uma delas possui uma formação genética específica.
Fatores Ambientais
No entanto, existem elementos do ambiente em que a pessoa vive que têm o potencial de modificar a expressão desses genes. Por exemplo, a informação genética que determina a tonalidade da pele de um indivíduo pode indicar uma cor específica, mas se a pessoa estiver exposta excessivamente ao sol, a pigmentação da pele pode tornar-se mais intensa.
Também, a genética pode instruir o organismo a liberar uma determinada quantidade de hormônio de crescimento para uma criança; no entanto, se ela não se alimentar adequadamente ou enfrentar problemas cardíacos, por exemplo, seu crescimento pode ser afetado negativamente. Consequentemente, é evidente que os fatores ambientais exercem influência no desenvolvimento, podendo impactar a manifestação ou ausência de transtornos como o autismo.
Período Gestacional
Pesquisas indicam que determinadas complicações ou situações durante a gestação podem estar correlacionadas a um aumento no risco de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por exemplo, infecções maternas graves, sangramento ou falta de oxigênio para o bebê durante o parto, o uso de certos medicamentos e a exposição a poluentes ambientais durante a gravidez têm sido examinados como potenciais elementos associativos.
Ainda, existem estudos que correlacionam outros fatores específicos ao surgimento do autismo, mas é importante destacar que eles não são uma regra. São eles:
- Prematuridade;
- Idade paterna e materna avançados;
- Tratamento com ácido valproico durante a gestação;
- Sofrimento fetal durante o nascimento.
Não existe, ainda, um método para identificar o autismo durante a gravidez. A maioria dos diagnósticos ocorre na infância, quando surgem as primeiras características, quando há possibilidade de acesso à profissionais capacitados para realizar este diagnóstico.
De quem é a culpa do autismo?
Após você acessar todo esse conhecimento, cuidado para não entrar nessa busca na tentativa de achar o que houve de errado ou de quem é a culpa.
Família, não tem como você ter controle e influência sobre sua genética e ambiente. Ninguém tem!
Não importa o que aconteceu durante a gestação. A família não é culpada!
O papel dos pais, na vida do filho, não é de causadora do autismo, mas sim de guia, apoiadora, defensora, de mãe e pai.
Siga sua vida sem esse peso. Não se responsabilize por algo que você não tem nenhum controle, foque no que você pode fazer a partir de agora.
Por fim, o que se sabe até o momento é que o autismo é causado pela junção de fatores genéticos e ambientais e é fundamental lembrar que o autismo é multifatorial, e muitos aspectos cruzados interagem para determinar o desenvolvimento dele em uma criança.
Mas a pergunta que eu deixo para vocês, famílias que estão buscando maior conhecimento sobre autismo, que desconfiam das características ou até que já receberam algum diagnóstico é: qual o próximo passo será necessário dar para ajudar a criança, a partir de agora?
O meu trabalho é exatamente apoiar as famílias neste processo.
Entre em contato comigo, pois a agenda 2024 está aberta.
Conte comigo!