Como terapeuta ocupacional com uma década de experiência, trabalho principalmente com crianças autistas e adoto uma abordagem centrada na família. Nesta experiência diária, percebo a importância de fornecer às famílias informações claras sobre o autismo e os termos do autismo. Sendo assim, neste artigo, vamos explorar o “DSM5”, ou tecnicamente dizendo, DSM-5 e alguns dos principais termos associados ao autismo, oferecendo uma compreensão mais profunda para ajudar as famílias a navegar nessa jornada.
Inclusive, aproveito para compartilhar esse vídeo em que falo do início da jornada das famílias com convivem com o diagnóstico de autismo para suas crianças:
O que é o “DSM5” ou DSM-5?
O DSM-5 é um termo originário do inglês (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5 Edition), que significa em Português: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição.
Além disto, o DSM-5 é um guia amplamente utilizado por profissionais de saúde mental para diagnosticar uma variedade de condições, incluindo o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Ele fornece critérios específicos que os profissionais usam para avaliar e diagnosticar o autismo, ajudando a garantir consistência nos diagnósticos.
Para detalhar mais, o DSM-5 descreve o TEA como uma condição complexa caracterizada por dificuldades persistentes na comunicação social e na interação social, juntamente com padrões repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Ele reconhece que o autismo é um espectro, o que significa que os sintomas e os níveis de suporte variam significativamente de pessoa para pessoa.
O manual também destaca a importância de avaliar individualmente cada paciente e considerar sua apresentação única ao fazer um diagnóstico.
Ainda, o DSM-5 também aponta para a importância de considerar a presença de alterações sensoriais e motores associados ao autismo, como sensibilidades sensoriais incomuns ou movimentos corporais estereotipados.
Uma das mudanças significativas introduzidas pelo DSM-5 é a remoção de subcategorias separadas, como o Transtorno Autista, o Transtorno de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Em vez disso, o manual adota uma abordagem dimensional, reconhecendo a diversidade de apresentações do TEA e enfatizando a avaliação individualizada de sintomas e necessidades.
Outros termos do autismo
Mas além do DSM-5 quero trazer aqui outros termos para que você, enquanto família, possa estar melhor preparada quando for abordada com esses temas.
- Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): Este termo se refere a uma gama de condições que afetam o desenvolvimento social, comunicativo e comportamental de uma pessoa. O TEA inclui o autismo clássico, o transtorno de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação.
- Transtorno de Processamento Sensorial (TPS): É uma condição em que o cérebro tem dificuldade em processar e responder adequadamente às informações sensoriais do ambiente, como som, luz, tato e cheiro. Isso pode levar a reações intensas ou aversões a estímulos sensoriais comuns e dificuldades na regulação emocional e comportamental.
- ABA: “Applied Behavior Analysis”é uma abordagem terapêutica que se concentra em modificar comportamentos através da aplicação de princípios comportamentais para promover habilidades sociais, de comunicação e de vida diária.
- Comunicação Social Deficitária: Dificuldade em entender e usar linguagem não verbal, como contato visual e expressão facial. Também, dificuldade em desenvolver e manter relacionamentos significativos.
- Padrões Repetitivos de Comportamento ou Estereotipias: Pode ser a repetição de movimentos corporais ou de fala; adesão rígida a rotinas ou rituais específicos e interesses restritos e intensos em assuntos específicos.
- Hipossensibilidade e Hipersensibilidade Sensorial: Hipersensíveis: reações intensas a estímulos sensoriais como luzes brilhantes ou ruídos altos. Hipossensíveis: necessidade de estimulação sensorial adicional, como tocar objetos ou balançar.
- Estimulação Visual: Alguns autistas são especialmente sensíveis a estímulos visuais, como luzes fluorescentes piscando ou padrões visuais complexos, o que pode causar desconforto ou distração.
- Estimulação Auditiva: Ruídos altos ou sons inesperados podem ser avassaladores para algumas pessoas autistas, causando ansiedade ou até mesmo dor física.
- Estimulação Tátil: Alguns indivíduos autistas podem ser sensíveis ao toque, evitando certas texturas ou tipos de contato físico, enquanto outros podem buscar sensações táteis como uma forma de autorregulação.
- Comorbidade: Refere-se à presença simultânea de outras condições médicas ou psicológicas, como ansiedade, depressão ou TDAH, em indivíduos autistas.
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Importância de entender o DSM-5 e os termos do autismo
Como terapeuta ocupacional, estou aqui para apoiar as famílias ao longo dessa jornada, fornecendo estratégias personalizadas e recursos para ajudar seus filhos a se desenvolverem.
Meu objetivo aqui no blog, no YouTube, Instagram e Facebook é dar ferramentas acessíveis para que as famílias superem desafios de uma maneira um pouco mais leve.
Conhecer esses termos irá ajudar as famílias a se ambientarem nos ambientes clínicos, terapêuticos e comunidades específicas que irão abordar a temática do autismo de maneira mais técnica.
Além disso, entender esses e outros termos pode ajudar as famílias a reconhecerem os sinais precoces do autismo em seus filhos, buscando avaliação e intervenção precoce. Saiba que compreender as necessidades sensoriais específicas de uma criança autista pode informar estratégias de apoio e intervenção, ajudando a promover um ambiente mais inclusivo e solidário.
É importante ressaltar que o diagnóstico do autismo não é uma sentença definitiva, mas sim o primeiro passo em direção ao acesso a serviços e suportes apropriados. O DSM-5 fornece um quadro útil para identificar e compreender os sintomas do autismo, permitindo que profissionais de saúde mental e educadores desenvolvam planos de tratamento e intervenção personalizados para cada indivíduo.
E se você suspeita que seu filho possa estar no espectro do autismo, recomenda-se procurar avaliação e intervenção precoce. Profissionais qualificados podem fornecer orientação e suporte para ajudar sua família a navegar nessa jornada e promover o desenvolvimento saudável e o bem-estar de seu filho.