Terapia Ocupacional e a Escola

Como lidar com o bullying escolar quando se tem um filho atípico

O ambiente escolar deveria ser um espaço de descobertas, amizades e crescimento. Mas, infelizmente, para muitas crianças atípicas, a escola também pode ser palco de exclusão, rótulos e humilhações. O bullying, quando dirigido a crianças com necessidades específicas, como autismo, TDAH ou outras condições do desenvolvimento, se torna ainda mais cruel – e muitas vezes silencioso.

Para os pais, saber que o filho está sofrendo na escola pode gerar um misto de revolta, tristeza e impotência. Afinal, como proteger a criança sem reforçar a sensação de que ela é “diferente”? Como conversar com a escola? E o mais difícil: como acolher o filho e reconstruir sua autoestima?

Neste artigo, vamos falar abertamente sobre o bullying escolar com crianças atípicas e mostrar caminhos reais para lidar com esse problema, fortalecendo o vínculo familiar e promovendo segurança e inclusão.


Por que crianças atípicas são mais vulneráveis ao bullying?

Crianças atípicas, por apresentarem comportamentos, falas ou necessidades que fogem do que é considerado “convencional”, costumam chamar a atenção. Muitas vezes, colegas que não compreendem essas diferenças acabam reagindo com estranhamento – e, em alguns casos, com crueldade.

Se a criança tem dificuldades para se comunicar, não entende regras sociais com facilidade ou apresenta comportamentos sensoriais distintos, ela pode se tornar alvo fácil de provocações, exclusão ou imitação pejorativa.

Além disso, nem sempre essas crianças conseguem identificar que estão sendo alvo de bullying. Em muitos casos, elas não sabem como reagir ou sequer conseguem relatar o que está acontecendo.

Por isso, é fundamental que os adultos estejam atentos a sinais sutis e ajam com firmeza e empatia quando algo não está certo.


Sinais de que seu filho pode estar sofrendo bullying

Nem sempre a criança vai dizer com todas as letras que está sendo humilhada ou rejeitada. Muitas vezes, os sinais aparecem de forma indireta e precisam ser interpretados com sensibilidade.

Você deve ficar atento se notar comportamentos como:

  • Resistência ou recusa frequente para ir à escola.
  • Queda repentina no rendimento escolar.
  • Mudança no humor após o retorno das aulas.
  • Isolamento, retraimento ou crises mais frequentes.
  • Queixas físicas recorrentes, como dores de cabeça ou barriga antes da escola.
  • Relatos vagos de que “ninguém quer brincar” ou de que “ninguém gosta de mim”.

Esses sinais não confirmam o bullying, mas indicam que algo merece atenção e conversa cuidadosa.


Como conversar com seu filho sobre o que está acontecendo

O primeiro passo é criar um ambiente seguro para a criança falar, sem pressão ou julgamentos. Em vez de perguntas diretas como “alguém está te maltratando?”, você pode usar abordagens mais abertas:

— Como estão os colegas da escola?

— Tem alguém com quem você gosta mais de brincar?

— Teve algo que deixou você triste hoje?

Caso a criança fale sobre situações desconfortáveis, evite minimizar, negar ou dizer que ela está sendo “sensível demais”. Acolha, valide o sentimento e deixe claro que ela não está sozinha.

Você pode dizer:

“Você não merece ser tratado assim. Obrigada por me contar. Agora vamos pensar juntos no que podemos fazer.”

Essa simples frase já devolve à criança a sensação de amparo e dignidade, que o bullying costuma roubar.


O papel da escola diante do bullying

A escola tem responsabilidade direta em garantir um ambiente seguro e inclusivo para todas as crianças. Ao identificar sinais de bullying, é fundamental comunicar a coordenação, com clareza e firmeza.

Leve os fatos, mas também leve o ponto de vista do seu filho. Conte o que foi relatado, como isso afetou o comportamento dele e solicite providências — como uma conversa com os envolvidos, mediação de conflitos e, se necessário, acompanhamento com a equipe pedagógica ou psicológica da escola.

Mais do que punir o agressor, a escola precisa se comprometer em educar para a convivência. Isso significa promover empatia, acolhimento e informação sobre neurodiversidade entre os alunos.

Se você sentir que a escola minimiza a situação ou não toma atitudes eficazes, considere buscar apoio jurídico ou até avaliar outras alternativas escolares. A segurança emocional da criança deve vir sempre em primeiro lugar.


Como fortalecer seu filho em casa

Mesmo que o bullying não tenha começado dentro de casa, é no lar que a criança precisa encontrar refúgio e reconstrução. Acolhimento, escuta ativa e reforço positivo são fundamentais.

  • Fale com carinho sobre as características únicas do seu filho.
  • Reforce o valor que ele tem, independente do que digam os outros.
  • Estimule atividades em que ele se sinta competente e confiante.
  • Ofereça oportunidades de socialização com crianças que o acolham, seja na família, em grupos terapêuticos ou em espaços inclusivos.

O objetivo não é “blindar” a criança de todo desconforto do mundo — isso seria impossível. Mas sim ensinar que ela tem valor, merece respeito e pode encontrar apoio quando precisar.


Quando buscar ajuda profissional?

Se você perceber que o bullying causou impacto emocional duradouro — como medo constante, retraimento, agressividade ou baixa autoestima — pode ser a hora de contar com o suporte de um profissional.

A Terapia Ocupacional, por exemplo, pode ajudar a criança a trabalhar suas emoções, desenvolver habilidades sociais e fortalecer sua identidade. Além disso, oferece suporte também para os pais, que muitas vezes ficam sem saber como agir em situações tão delicadas

O bullying escolar é doloroso, mas não precisa ser enfrentado sozinho. Com atenção, escuta ativa, diálogo com a escola e suporte profissional quando necessário, é possível proteger, fortalecer e empoderar crianças atípicas diante das dificuldades sociais.

Se você está passando por isso, saiba: existe rede de apoio, existe orientação e existe caminho. E tudo começa quando damos voz à criança e validamos sua dor.

Se quiser conversar ou entender como a Terapia Ocupacional pode ajudar nessa jornada, estou aqui para caminhar com você.

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Beatriz Bell – Terapeuta Ocupacional © Todos os Direitos Reservados 2023.

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