Abordagens da Terapia Ocupacional

Abordagens da Terapia Ocupacional

A terapia ocupacional, também conhecida como “TO” é uma graduação de ensino superior e tem como atuação profissional, essencial, o apoio ao desenvolvimento infantil, especialmente para crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Nós, terapeutas ocupacionais, trabalhamos para promover a participação plena e a funcionalidade em atividades cotidianas, oferecendo suporte tanto para as crianças quanto para suas famílias. Por aqui irei falar sobre as abordagens da terapia ocupacional infantil.

O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por desafios na comunicação, interação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos. As manifestações do TEA são diversas, variando amplamente de uma criança para outra. Sendo assim, a natureza variada do TEA faz com que cada pessoa necessite de um atendimento personalizado com abordagens específicas, adaptadas e flexíveis quando falamos de qualquer tipo de terapia, incluindo, a terapia ocupacional.

Afinal de contas, terapia ocupacional é tudo igual?

O papel da terapia ocupacional infantil

Nós, terapeutas ocupacionais infantis, somos profissionais capacitados para ajudar crianças a desenvolver habilidades necessárias para participar em atividades diárias, que estão relacionadas a ocupação necessária para uma vida independente, de maneira eficaz e satisfatória. Para crianças com TEA, os terapeutas ocupacionais trabalham em várias áreas, incluindo:

Desenvolvimento de habilidades motoras: Desenvolvem a melhora da coordenação motora fina e grossa, essencial para atividades como escrever, vestir-se e brincar.

Habilidades de autocuidado: Ensinam habilidades de vida diária, como escovar os dentes, tomar banho e alimentar-se de forma independente.

Integração sensorial: Ajudam as crianças a processar e responder adequadamente aos estímulos sensoriais, que podem ser um desafio significativo para muitas crianças com TEA.

Habilidades sociais e de comunicação: Apoiam o desenvolvimento de habilidades necessárias para interações sociais positivas e comunicação eficaz.

Desenvolvimento cognitivo: Promovem habilidades de atenção, memória e resolução de problemas importantes para o aprendizado escolar.

O Terapeuta Ocupacional e a Escola

Abordagens e intervenções em terapia ocupacional

As abordagens na terapia ocupacional são métodos, estratégias e técnicas utilizadas pelos terapeutas ocupacionais para ajudar indivíduos a desenvolver, recuperar ou manter habilidades necessárias para realizar atividades cotidianas com independência e satisfação. Essas abordagens variam amplamente dependendo das necessidades específicas do indivíduo, da condição que está sendo tratada e dos objetivos terapêuticos. A seguir, apresento algumas das principais abordagens na terapia ocupacional:

Integração Sensorial

A Integração Sensorial (IS) é uma abordagem central na terapia ocupacional para crianças com TEA. Muitas crianças com TEA têm dificuldades em processar informações sensoriais, o que pode levar a respostas inadequadas aos estímulos do ambiente. A abordagem de IS envolve atividades que ajudam a regular o sistema sensorial da criança, melhorando a capacidade de resposta a diferentes estímulos.

Por exemplo, podemos usar balanços, trampolins ou materiais com diferentes texturas para ajudar a criança a se adaptar e responder melhor aos estímulos sensoriais. A meta é criar um ambiente sensorialmente enriquecido que seja adaptado às necessidades individuais da criança, promovendo a autorregulação e o bem-estar.

Treinamento em Habilidades Funcionais

O treinamento em habilidades funcionais é uma abordagem prática que se concentra em ensinar habilidades específicas necessárias para a vida diária. Para crianças com TEA, isso pode incluir tarefas como vestir-se, usar o banheiro, preparar refeições simples e cuidar da higiene pessoal. Utilizamos técnicas de ensino adaptadas, como a análise de tarefas e a modelagem, para ajudar a criança a aprender e executar essas habilidades de forma independente.

Intervenções Baseadas em Evidências

A terapia ocupacional infantil também se beneficia de intervenções baseadas em evidências. Assim como as citadas acima, outras intervenções também o são. Essas intervenções são fundamentadas em pesquisas científicas e comprovadas como eficazes no apoio ao desenvolvimento de crianças com TEA. Algumas das intervenções baseadas em evidências incluem:

  • Análise do Comportamento Aplicada (ABA):  É uma abordagem baseada em princípios da psicologia comportamental, focada em melhorar comportamentos socialmente significativos por meio de técnicas sistemáticas de reforço positivo. Embora a ABA seja frequentemente associada a terapeutas comportamentais, os terapeutas ocupacionais também podem incorporar princípios de ABA em suas práticas para promover comportamentos positivos e reduzir comportamentos desafiadores e promover o ensino de habilidades que são impactadas por esses comportamentos.
  • Treinamento de habilidades sociais:  Programas estruturados para ensinar habilidades sociais por meio de jogos de role-playing – uma forma de atividade lúdica onde os participantes assumem os papéis de personagens fictícios em um cenário narrativo, histórias sociais e atividades em grupo, com outras crianças.
  • Uso de tecnologia assistiva: Ferramentas tecnológicas, como dispositivos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA), podem ser integradas na terapia para melhorar a comunicação e a independência.

Por que faço o que faço | O que me levou escolher a terapia ocupacional

O papel integral da família

A família desempenha um papel fundamental no processo terapêutico das crianças com TEA. Reconheço e enfatizo sempre a importância de envolver os pais e cuidadores no planejamento e na implementação das intervenções. As famílias são uma fonte inestimável de informações sobre as necessidades, interesses e habilidades da criança, e seu envolvimento é essencial para garantir a continuidade e a eficácia das estratégias terapêuticas, inclusive, fora do ambiente clínico ou hospitalar.

Apoio às mães

As mães, em particular, frequentemente assumem um papel central no cuidado por seus filhos com TEA. É fundamental que as mães recebam apoio adequado para lidar com os desafios associados ao TEA, incluindo o estresse, a ansiedade e o esgotamento emocional. Inclusive, faz parte da minha missão e propósito, oferecer recursos e estratégias para ajudar as mães a cuidarem de si mesmas enquanto cuidam de seus filhos, promovendo um equilíbrio saudável entre suas responsabilidades parentais e suas próprias necessidades.

Grupos de apoio

Os grupos de apoio e os programas de educação parental são ferramentas valiosas para capacitar as famílias. Participar de grupos de apoio permite que as mães e outros familiares compartilhem suas experiências, obtenham conselhos práticos e se sintam menos isolados em sua jornada. Programas de educação parental fornecem informações sobre o TEA, estratégias de manejo comportamental e técnicas para promover o desenvolvimento da criança em casa.

Abordagens da terapia ocupacional que apoio e discordo

Profissionais que atuam com o cuidado e com estudos relacionados às ciências humanas, irão se deparar com abordagens diferentes sobre sua atuação, e, por vezes, irão defender e discordar de algumas dessas abordagens. No meu caso, vou descrever abaixo, alguns pontos em que discordo:

Abordagens exclusivamente comportamentais

Embora tenham sua relevância, quando aplicadas de maneira complementar, discordo de abordagens que se concentram exclusivamente em técnicas comportamentais rígidas sem considerar o contexto emocional e relacional da criança. Acredito que um enfoque exclusivamente comportamental pode negligenciar aspectos importantes do desenvolvimento emocional e social da criança, ou seja, a intervenção sozinha se mostra incompleta.

Métodos de intervenção não individualizados

Discordo de métodos que não são adaptados às necessidades individuais de cada criança. Abordagens padronizadas que não levam em conta as diferenças únicas de cada criança com TEA, como suas preferências sensoriais, capacidades e interesses. Preservo uma prática personalizada que respeite e responda às particularidades da criança.

Intervenções que excluem o contexto familiar

Abordagens que excluem a família do processo terapêutico não são completamente eficientes. Acredito e vivo na prática que a participação ativa da família, é fundamental para o desenvolvimento a partir da terapia. Intervenções que não consideram o papel da família podem resultar em falta de continuidade e apoio adequado fora do ambiente terapêutico.

Foco exclusivo nas deficiências

Esse é um ponto que defendo arduamente: Discordo de abordagens que focam exclusivamente nas deficiências e limitações das crianças com TEA. Defendo uma perspectiva que valorize as capacidades e fortalezas das crianças, promovendo uma visão mais positiva e capacitadora. Abordagens que subestimam as potencialidades das crianças podem limitar seu desenvolvimento e seu bem-estar emocional.

Abordagens da terapia ocupacional e o olhar integral

A terapia ocupacional infantil é uma intervenção poderosa para crianças com transtorno do espectro autista. Com um olhar integral que envolve não apenas a criança, mas também sua família, a terapia ocupacional pode promover um desenvolvimento saudável e uma maior qualidade de vida tanto para a criança, quando para os seus cuidadores. Ao utilizar abordagens variadas, baseadas em evidências e adaptadas às necessidades de cada criança e com o apoio de suas famílias, é possível que crianças com TEA a alcancem seu pleno potencial.

O sucesso na terapia ocupacional para crianças autistas é um resultado que se alcança de maneira colaborativa que requer dedicação, empatia e um compromisso contínuo com o desenvolvimento integral.

Defendo uma abordagem integral e personalizada, valorizando práticas baseadas em evidências e o envolvimento ativo da família. Ao mesmo tempo, discordo de métodos que não consideram o contexto individual e emocional da criança, terapias não cientificamente comprovadas, e intervenções que excluem a participação familiar e que não avaliam as potencialidades da criança.

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Como estimular crianças autistas em suas potencialidades

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Beatriz Bell – Terapeuta Ocupacional © Todos os Direitos Reservados 2023.

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